Dureza Financeira

dezembro 19, 2008 at 11:27 pm 2 comentários

O ano era o de 1969 e eu acabara de adquirir o meu tão sonhado (e financeiramente possível) Volkswagen 1964, modelo 1200. Recebi, em minha casa, em Santa Tereza, no Rio de Janeiro, exatamente no DIA DAS MÃES, e eu parecia feliz como uma.

Tinha trabalhado duro por mais de 8 meses para conseguir comprar essa beleza, e agora estava a zero na conta bancária. Nesse diz em que comprei o carro, organizei uma pequena festa particular, apenas para os familiares mais próximos, para comemorar esse novo passo na minha vida e da minha noiva. Minha noiva, aliás, estava mais alegre que o de costume, mas achei que fosse por causa do mais novo membro adiquirido para a família. Almoço bom, conversa vai, conversa vem, e minha noiva cada vez mais alegre. Pensei: que bom, ela gostou do carro, mal deve estar esperando para dar uma volta…

De repente, ela pede alguns minutos para falar alguma coisa. Pensei: ela vai falar do carro, e desse novo começo da nossa vida… E ela anuncia que, em pleno Dia das Mães, descobriu que estava grávida! Toda aquela alegria, aquela euforia… era esse o motivo! E como dizer agora que estávamos mais lisos do que quiabo? Como arcar com as despesas de uma gravidez desses jeito?

Fiquei extremamente feliz com a notícia, mas não consegui dormir naquela noite, pensando no que iria fazer. Só tinha uma opção: vender o Fusca.

Como havia pensado, com dor no coração de ver meu sonho indo embora, vendi meu Fuca 64 para meu cunhado, que prometeu que me venderia de volta quando eu tivesse dinheiro (se é que eu teria dinheiro suficiente para comprá-lo de novo algum dia).

Meu filho nasceu com saúde e trouxe muita alegria para minha casa. No dia de seu nascimento, meu cunhado veio correndo nos buscar com seu Fusca 64 para que fôssemos mais depressa ao hospital. Foi com esse mesmo Fusca que fomos levados de volta pra casa, carrgando nosso filho Pedro.

Hoje, estou casado há 33 anos com minha esposa, mãe de Pedro. Meu Fusca 64 não é meu, mas de Pedro. Dez anos depois de seu nascimento, comprei o Fusca de volta de meu cunhado e, 12 anos depois, dei-o para meu filho, seu primeiro carro.

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“O Resgate” Vejo Fusca aonde quer que eu vá

2 Comentários Add your own

  • 1. Yvys  |  novembro 24, 2011 às 12:09 pm

    Que história bonita.
    Parabéns. Gostei muito de ter lido.
    Fusca sempre em nossos corações.
    Deus abençoe você e toda sua família.

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  • 2. one  |  março 1, 2012 às 9:33 am

    Que história linda!

    Responder

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